Teatro Cultura Artística (SP)

Teatro Cultura Artística - São Paulo

Vista ampla lateral do Teatro Cultura Artística em reconstrução na Consolação
Teatro Cultura Artística
Vista ampla lateral do Teatro Cultura Artística em reconstrução na Consolação
 
Neste Especial Descubra Sampa trazemos a história resumida deste Patrimônio Cultural Paulistano, o famoso Teatro Cultura Artística de São Paulo, o qual passa por um processo de reconstrução após ter sido destruído em um incêndio ocorrido em 2008.

O Teatro Cultura Artística

Projetado pelo arquiteto Rino Levi e construído entre os anos de 1947 a 1950, ano em que foi inaugurado, no dia 8 de Março, o Teatro Cultura Artística foi a realização física para se tornar a Sede e casa de espetáculos oficial da Sociedade Cultura Artística, o qual ostenta em sua fachada o Painel Alegoria das Artes, o maior Mosaico de Di Cavalcanti realizado, do qual trataremos em uma matéria especial no Descubra Sampa em breve. O teatro em sua concepção original possuía duas salas de apresentações superpostas, a Sala Esther Mesquita, com 1.156 poltronas e a Sala Rubens Sverner, com 339, o salão principal com espaço expositivo de pinturas e esculturas, bibliotecas, restaurantes, salão de banquetes, quase um complexo cultural.

História resumida da Sociedade Cultura Artística

A Sociedade Cultura Artística, uma associação artística criada em 1912 entre artistas, escritores, intelectuais, jornalistas, empresários e membros da elite social paulistana, para promover e difundir Arte e Cultura como um todo para a população em geral e em especial atenção para os membros (sócios) que compunham a mesma, com foco direcionado a apresentações de música erudita e outras manifestações de Arte. Concorreu também para a tomada da iniciativa cultural a inauguração do Theatro Municipal de São Paulo (clicar para ver a matéria do Municipal) em 1911, o que impulsionou o interesse da sociedade Paulistana na época a se interessar mais pelo tema. A princípio as manifestações culturais se davam através de saraus literomusicais e conferências sobre cultura brasileira promovidos pelos seus membros, tendo como primeiro encontro um sarau na residência do poeta Vicente de Carvalho em 1912, onde a associação se organizou e criou o nome de batismo de Sociedade Cultura Artística. Com o passar dos anos muitos saraus foram realizados pelos membros e de forma cada vez mais consistente, sempre com grandes apresentações de artistas nacionais e internacionais, onde se apresentavam de forma solo, em Duos, Trios, Quartetos, pequenas orquestras e até Sinfônicas, época em que a instituição começou a usar espaços de espetáculos da Cidade e também sentiu a necessidade de criar um espaço próprio para sediar as apresentações que promovia. Em 1919 a associação comprou o terreno do antigo Velódromo de São Paulo (primeiro estádio do país) localizado na antiga Rua Florisbela, atual Rua Nestor Pestana, e neste local edificou o famoso Teatro Cultura Artística no final dos anos de 1940, com sua inauguração dividida em duas etapas/noites, 8 e 9 de Março de 1950, onde a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo se apresentou sob a regência dos Maestros e compositores Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, os quais revezavam-se na regência da Orquestra e apresentavam Obras de suas autorias. Para a compra do terreno a diretoria criou um fundo financeiro a base de doações dos associados e membros da elite Paulistana na época, meio também usado para financiar a construção do Teatro em meados do Século XX.

As grandes atrações do Cultura Artística ao longo dos anos

Dentre as celebridades que se apresentaram pelo Cultura Artística ao longo dos anos destacamos: o Maestro Gino Marinuzzi (1918), o historiador Afonso Arinos de Melo Franco (1915), o  jornalista e crítico literário Alfredo Gustavo Pujol (1917), a companhia de Balé Russo Serguei Diaghilev (1917), o compositor e Maestro Heitor Villa-Lobos (1922/1925/1929), Mário de Andrade e Ernesto Nazareth (1926), Maestro Ernst Mehlich (1934), Alfred Cortor, Nicanor Zabaleta e os Meninos Cantores de Viena (1936), Léner String Quartet (1939), Fritz Jank (1941), Orquestra Sinfônica de São Paulo - Eleazar de Carvalho (1943), Orquestra Sinfônica Brasileira - Eugen Szenkar (1944), Orquestra Sinfônica de São Paulo - Camargo Guarnieri e Heitor Villa-Lobos (1950 - inauguração do Teatro), Wilhelm Kempff (1951), Alfred Cortot e Friedrich Gulda (1952), Fedora Barbieri e Charles Trenet (1953), peça Arlequim, Servidor de dois Patrões - Piccolo Teatro de Milão e peça O Avarento - Paulo Autran (1954), Edith Piaf (1956/1957), Robert Mcferrin (1958), Trio Barroco de Paris (1979 - Milésimo Sarau), Orquestra de Câmara de Moscou (1982), Turíbio Santos, Clara Sverner e Paulo Moura, Ronaldo Miranda e Paul Creston, Gilberto Tinetti, Erich Lehninger e Watson Clis (1984 - Noite de Gala),  Yefim Bronfman, Katia e Marielle Labèque (1985), Márcia Haydée, Richard Cragun, John Neumeier e solistas do Ballet de Stuttgart (1986), English Chamber Orchestra, Lazar Berman, Sinfônica de Leningrado - Alexander Dmitriev (1985), Orquestra Gewandhaus de Leipzig - Kurt Masur (1988),  Anne-Sophie Mutter e Lambert Orkis (1990), Orquestra Sinfônica de Montreal - Charles Dutoit e Orquestra Filarmônica de Leningrado - Mariss Jansons (1991), Tokyo String Quartet (1992), Orquestra Filarmônica de São Petersburgo - Yuri Temirkanov (1994), Midori, Robert McDonald, e os Solistes de l’Ensemble InterContemporainem (1995), Pena Branca e Xavantinho (1995), New York Philharmonic - Kurt Masur e City of Birmingham Symphony Orchestra - Sir Simon Rattle (1997), The English Concert - Trevor Pinnock, Matthias Goerne, Eric Schneider e Ute Lemper (200-2001), Teatro Japonês de Bonecas da Associação Bunraku de Osaka (2002), Lincoln Center Jazz Orchestra - Wynton Marsalis (2005),  Orchestre des Champs-Élysées - Phillippe Herreweghe e o Ballet Biarritz (2009), Orquestra do Festival de Budapeste com József Lendvay e Dejan Lazic, Filarmônica de Rotterdam e Sinfônica do Porto (2011), Orchestra del Maggio Musicale Fiorentino - Zubin Mehta, Orchestre National du Capitole de Toulouse - Tugan Sokhiev, Lang Lang, Nelson Freire, Sol Gabetta, Joyce DiDonato, Renée Fleming e o Balé Béjart (2012 - Centenário), Orquestra Real do Concertgebouw de Amsterdã - Mariss Jansons, Orquestra Simón Bolívar - Gustavo Dudamel (2013), Nelson Freire, Orquestra Sinfônica da Rádio da Baviera, Joyce DiDonato, Philippe Jaroussky, Hespérion XXI e Jordi Savall, Evgeny Kissin, Orquestra Filarmônica de Viena, Orquestra Nacional de Santa Cecília, Quarteto Ebéne, Trio Wanderer, András Schiff, Duo Assad e Antonio Meneses (2014 a 2019), dentre muitos outros artistas e grupos de renome internacional.

A tragédia e a reconstrução do Teatro

Em 17 de Agosto de 2008, um incêndio começou por volta das 5hs, final da madrugada, no maior auditório do teatro no terceiro andar da edificação, a sala de apresentações Esther Mesquita, com 1.156 lugares. O local foi destruído e o teto desabou, atingindo também parte dos pavimentos inferiores e destruindo cenários, equipamentos de iluminação e até figurinos que estavam guardados no local, ficando fora de operação pelos estragos de grandes proporções causados pelo incêndio, estragos também causados pela água usada para combater o incêndio pelos bombeiros que atenderam a ocorrência, inundando o auditório menor no piso inferior. A única instalação original do prédio que se salvou do incêndio foi o Painel de Di Cavalcanti que ficava na área externa e feito com pastilhas de Vidrotil, tendo sido restaurado em 2011. Após a tragédia ocorrida, ainda em 2008, a cúpula do Cultura Artística começou a desenvolver um projeto para a reconstrução do Teatro, convidando o arquiteto Paulo Bruna, remanescente do escritório de Levi, para fazer o projeto de reconstrução e melhorias do "novo" teatro, que passará a ter uma única sala de apresentações com capacidade para receber 1400 pessoas, o qual se prevê como um dos mais modernos da América Latina após a conclusão, tendo sido separado em duas etapas, a primeira iniciada em 2017 englobando a reconstrução do prédio já nos moldes do novo projeto e a segunda a partir de Setembro de 2022, após atrasos ocorridos, que tratará do acabamento final e instalação de novos e modernos equipamentos técnicos de apoio aos espetáculos (som, iluminação, refrigeração, etc), com a reinauguração prevista para 2024.
Atualmente o Cultura Artística vem utilizando a Sala São Paulo (Estação Júlio Prestes) e o novo Teatro B32 como locais de apresentações do programa cultural que promove. Informações dos locais podem ser vistas clicando nos trechos em negrito do texto. 

Curiosidades sobre o Teatro e a Sociedade Cultura Artística

1) Tombamentos: O Teatro Cultura Artística foi Tombado pelo Condephaat em 2009 e pelo IPHAN em 2016. O tombamento pós-incêndio foi feito para permitir a venda de potencial construtivo para terceiros, uma das formas de arrecadação de fundos para a reconstrução, além de um reconhecimento formal do projeto Modernista de Rino Levi.
2) Devido a dificuldades financeiras no final dos anos de 1960, a diretoria alugou o Teatro para a Rede de TV Excelsior em 1970, empresa que ocupou o espaço até 1977 quando foi decretada sua falência.
3) O Teatro recebeu uma reforma em 1977, após a recuperação judicial de uso do mesmo, ante a extinta e inadimplente TV Excelsior, que deixou as instalações do espaço em péssimo estado de conservação. O projeto da reforma foi elaborado pelos arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César.
4) O Cultura Artística assumiu em 2009 a administração e uso do Espaço Promon (teatro e sala de espetáculos) no Itaim Bibi, dentro do Condomínio São Luiz, onde permaneceu por alguns anos.

Localização: Rua Nestor Pestana, 236 - Consolação

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