Cemitério da Consolação - Um Museu a Céu Aberto

 Cemitério da Consolação - Um Museu a Céu Aberto

Bem vindos a mais um Especial Descubra Sampa! Nesta matéria trazemos algumas informações, fotos e detalhes do primeiro cemitério "público" Paulistano, o Cemitério da Consolação. Não iremos nos aprofundar na história e arquitetura desta famosa necrópole, que de certa forma é um Museu a céu aberto entranhado em pleno Bairro da Consolação, pois nossa intenção é apenas oferecer um "aperitivo visual" e divulgar algumas informações e imagens do complexo, incluindo as edificações Tombadas da estrutura básica do cemitério projetadas por Ramos de Azevedo, para incentivar os Paulistanos e nossos visitantes a conhecer pessoalmente este Patrimônio Histórico e Cultural de São Paulo, recém entregue à iniciativa privada para melhor conservação e revitalização do local, pelo menos este é o plano da Prefeitura de São Paulo. Em outras matérias especiais paralelas aqui no Descubra Sampa trataremos das Obras de Arte Tumulares da Necrópole da Consolação, tanto as escultóricas como também as arquitetônicas aplicadas em muitos dos seus jazigos e mausoléus. Um bom "passeio virtual" a todos.
Cemitério da Consolação - Pórtico (Ramos de Azevedo)
Cemitério da Consolação - Pórtico (Ramos de Azevedo)
Vista ampla do pórtico da entrada principal do Cemitério da Consolação. Projetado em estilo Eclético com influência Clássica por Ramos de Azevedo.

Breve história do Cemitério da Consolação

O Cemitério da Consolação começou a ser planejado em meados de 1829 com uma iniciativa da Câmara Municipal da província de São Paulo, após o o Imperador D. Pedro I promulgar uma Lei em 1828 que orientava e obrigava as Câmaras Municipais a construírem cemitérios a céu aberto por uma questão de higiene e saúde pública, em contraponto ao costume da época em que os sepultamentos eram feitos no entorno e também dentro de igrejas, um costume insalubre. Os estudos para a implantação do primeiro cemitério paulistano começaram por volta de 1855, capitaneados pelo engenheiro e cartógrafo Carl Friedrich Joseph Rath, também conhecido como Carlos Rath, o qual além de planejar o local ideal de construção do cemitério também foi o responsável pela construção e projeto do mesmo, incluindo as primeiras estruturas da nova necrópole, inclusive a primeira capela interna e provisória do complexo. O local escolhido foi nos "altos da Consolação" por ser afastado da "cidade" na época e também pela qualidade ideal do solo e das correntes de vento que na região passavam. A construção do complexo foi de 1856 a 1858, quando foi inaugurado em 15 de Agosto de 1858 como Cemitério Municipal, sem levar o nome "da Consolação" na época. No início, como cemitério público que era, eram sepultadas no Cemitério da Consolação pessoas de diversas origens e classes sociais, fato que começou a mudar após a construção de mais dois cemitérios em São Paulo, o Cemitério da Quarta Parada (Brás) em 1893 e o Cemitério do Araçá, próximo ao da Consolação, em 1897 (Avenida Doutor Arnaldo), dando mais opções de sepultamentos a população, além do início do loteamento e vendas de jazigos perpétuos na Consolação o que levou a uma "corrida" dos paulistanos da elite para adquirirem espaços na necrópole, segregando os menos abastados. Com a elitização do espaço deu-se início também a construção de jazigos e mausoléus cada vez vez mais elaborados e suntuosos, com grande influência europeia, tanto nas arquiteturas, materiais e adornos empregados, todos importados da Europa a principio, uma outra "corrida", a de qual família construía o jazigo mais exuberante, uma demonstração de poder econômico e ostentação de qual classe social pertenciam. Outro costume que foi adotado foi o de contratar escultores proeminentes na época para confeccionar os adornos dos jazigos ou o de usar esculturas importadas da Europa, sendo a grande maioria dos importados feitos em mármore. O resultado de tudo é o que vemos na atualidade, um verdadeiro "Museu a Céu Aberto" no Cemitério da Consolação, com muitas esculturas de artistas famosos, arquiteturas diferenciadas e diversificadas empregadas na construção do túmulos e muitas celebridades e famílias paulistanas históricas sepultados no local. Abaixo seguem algumas fotos da entrada principal e do interior da necrópole:
Cemitério da Consolação (entrada principal)
Cemitério da Consolação (entrada principal)
Vista da entrada principal do Cemitério da Consolação.
Cemitério da Consolação (rua de entrada Consolação)
Cemitério da Consolação (rua de entrada Consolação)
Vista em perspectiva artística da rua de entrada do Cemitério da Consolação, a qual segue até a capela no centro da necrópole, sendo esta usada para a entrada dos cortejos fúnebres na necrópole.
Cemitério da Consolação (Rua 37 - interna)
Cemitério da Consolação (Rua 37 - interna)
Vista ampla de parte da Rua 37 no interior do Cemitério da Consolação, sendo esta uma das ruas centrais do complexo.
Cemitério da Consolação (alameda interna) (1)
Cemitério da Consolação (alameda interna) (1)
Vista em perspectiva artística de uma das alamedas internas do Cemitério da Consolação.
Cemitério da Consolação (alameda interna) (2)
Cemitério da Consolação (alameda interna) (2)
Vista ampla de parte de uma das alamedas internas do Cemitério da Consolação.

Reforma e Tombamento do Cemitério da Consolação

O Cemitério da Consolação recebeu uma ampla reforma iniciada em 1902 e concluída em 1909 com o projeto a encargo do arquiteto Ramos de Azevedo, o qual projetou o pórtico da entrada principal (Rua da Consolação) e o pórtico secundário (Rua Mato Grosso), o ossário (necrotério), novos muros de fechamento, a edificação onde está instalada atualmente a administração da necrópole e a atual capela, a qual foi erigida no local onde ficava a capela provisória projetada por Carlos Rath. O complexo da necrópole, incluindo alguns jazigos e mausoléus, algumas esculturas inclusive, foram Tombadas pelo Conpresp em 2017 e pelo Condephaat em 2005. O Tombamento do Condephaat também engloba o Cemitério dos Protestantes, inaugurado em 1844 para o sepultamento de não católicos, imigrantes europeus na maioria e o Cemitério da Terceira Ordem do Carmo, inaugurado em 1868, ambos localizados no quadrilátero do complexo do Cemitério da Consolação, com suas entradas localizadas na Rua Sergipe. Abaixo seguem fotos com as edificações Tombadas e alguns detalhes das edificações:
Capela do Cemitério da Consolação (Ramos de Azevedo)
Capela do Cemitério da Consolação (Ramos de Azevedo)
Vista ampla da Capela Tombada do Cemitério da Consolação. Projetada em estilo Eclético com influência Clássica por Ramos de Azevedo.
Capela do Cemitério da Consolação (interior)
Capela do Cemitério da Consolação (interior)
Vista ampla do interior da Capela do Cemitério da Consolação, com destaque para o mobiliário antigo preservado, o belo vitral e a escultura de Cristo crucificado ao fundo/centro.
Antigo Ossário do Cemitério da Consolação (Ramos de Azevedo)
Antigo Ossário do Cemitério da Consolação (Ramos de Azevedo)
Vista ampla da fachada frontal do antigo Ossário do Cemitério da Consolação, o qual também já foi utilizado como necrotério e atualmente usado como depósito. Projetado em estilo Eclético com influência Clássica por Ramos de Azevedo.
Edificação da Administração do Cemitério da Consolação (Ramos de Azevedo)
Edificação da Administração do Cemitério da Consolação (Ramos de Azevedo)
Vista ampla da fachada frontal da edificação da administração do Cemitério da Consolação. Projetada em estilo Eclético com influência Clássica por Ramos de Azevedo.
Pórtico do Cemitério da Consolação (vista interna)
Pórtico do Cemitério da Consolação (vista interna)
Vista ampla da fachada posterior do Pórtico da entrada principal do Cemitério da Consolação.
Cemitério da Consolação (detalhes e colunas do pórtico)
Cemitério da Consolação (detalhes e colunas do pórtico)
Vista em perspectiva inferior das colunas Dóricas do pórtico principal do Cemitério da Consolação, destacando os adornos em baixo-relevo do frontispício e teto do mesmo.
Cemitério da Consolação (ornamento do pórtico)
Cemitério da Consolação (ornamento do pórtico)
Close-up com os detalhes do adorno central em baixo-relevo do teto do pórtico principal do Cemitério da Consolação.
Cemitério da Consolação (Pórtico Rua Mato Grosso)
Cemitério da Consolação (Pórtico Rua Mato Grosso)
Vista ampla do pórtico secundário do Cemitério da Consolação na Rua Mato Grosso. Projetado em estilo Eclético com influência Clássica por Ramos de Azevedo.

Os artistas das obras tumulares do Cemitério da Consolação

No "Museu a Céu Aberto" do Cemitério da Consolação ficam instaladas e expostas em túmulos, jazigos e mausoléus esculturas em bronze, mármore e granito esculpidas por diversos artistas famosos da história paulistana, obras encomendadas pelas famílias proprietárias dos túmulos, dos quais destacamos: Victor Brecheret, Antelo Del Debbio, Aurélio Franceschi, Francisco Leopoldo e Silva, Galileo Ugo Emendabili, Nicola Rollo, Roque de Mingo, Bruno Giorgi, Celso Antônio de Menezes, Enrico Bianchi, Eugênio Prati, Elio de Giusto, Luigi Brizzolara, Materno Giribaldi, Aurélio Capsoni, Rodolfo Bernardelli, Júlio Starace, Nicolina Vaz de Assis, Elio de Giusto, F. Busacca, Raphael Galvez e Vicente Larocca.
Nota (infeliz): Infelizmente muitas das esculturas do cemitério estão com partes faltando, sendo que algumas foram furtadas inteiras e não podem mais serem repostas e muitas estão em péssimo estado de conservação ou vandalizadas, algumas até pichadas. Uma clara demonstração do descaso e incompetência das ditas "autoridades" que deveriam zelar e manter este precioso Patrimônio Paulistano em forma de Artes Tumulares, Tombados(!) e não cuidados. A manutenção dos jazigos do cemitério sempre foi responsabilidade das famílias as quais pertencem, porém a segurança do local (inexistente por anos) sempre ficou a cargo das "autoridades" municipais, mais um caso de descaso com nosso patrimônio tão comum em São Paulo.

Os furtos no Cemitério da Consolação

Conforme exposto acima a prática de furtos de partes e vandalizações dos túmulos do Cemitério da Consolação é uma infeliz constante nos últimos anos. Os furtos compreendem desde placas em bronze com a identificação dos falecidos sepultados, portas de jazigos em bronze, partes de adornos também em bronze, chegando até ao roubo de esculturas inteiras, as quais jamais poderão serem repostas (insistimos neste ponto), além de muitas esculturas em mármore vandalizadas, com partes faltando. Em nossa visita ao cemitério em Julho de 2022 para captação de imagens para esta matéria encontramos muitos túmulos em péssimo estado de conservação, alguns visivelmente abandonados pelos familiares descendentes dos sepultados e a constatação do enorme número de peças de adornos faltantes devido a roubos e quebrados por vandalizações. Abaixo publicamos algumas fotos com o flagrante descaso dos administradores e autoridades "competentes", apenas algumas das centenas de túmulos depredados ou com adornos furtados. 
Medalhão em bronze Tombado furtado - Família João Bueno de Aguiar - Cemitério da Consolação
Medalhão em bronze Tombado furtado - Família João Bueno de Aguiar - Cemitério da Consolação
Flagrante do Medalhão em bronze Tombado(!) furtado do jazigo da Família João Bueno de Aguiar no Cemitério da Consolação.
Peças em bronze furtadas - Jazigo Cândida Aurora de Figueiredo - Cemitério da Consolação
Peças em bronze furtadas - Jazigo Cândida Aurora de Figueiredo - Cemitério da Consolação
Flagrante das peças e adornos em bronze furtadas do jazigo da Família de Cândida Aurora de Figueiredo no Cemitério da Consolação.
Placas em bronze furtadas - Família Carvalho - Cemitério da Consolação
Placas em bronze furtadas - Família Carvalho - Cemitério da Consolação
Flagrante das placas em bronze furtadas do jazigo da Família Carvalho no Cemitério da Consolação.

Curiosidade: Apenas como ilustração listamos alguns nomes de celebridades e/ou figuras históricas sepultadas no Cemitério da Consolação, os quais atraem turistas, admiradores e curiosos, ficando como um motivo a mais para a visitação ao local. Destacamos: Abreu Sodré, Maria Isabel de Alcântara Bourbon (Condessa de Iguaçu), Ademar de Barros, Afonso Arinos de Melo Franco, Altino Arantes, Anália Franco, Anhaia Melo, Antoninho da Rocha Marmo, Antônio da Silva Prado, Antônio de Alcântara Machado, Armando Álvares Penteado, Armando Bogus, Armando de Sales Oliveira, Francisco de Paula Vicente de Azevedo (Barão da Bocaina), João da Silva Machado (Barão de Antonina), Bernardino José de Campos Júnior, Brasílio Machado, Caetano de Campos, Caio Prado Júnior, Campos Sales, Carlos de Campos, Carvalho Pinto, Cesário Mota Júnior, Cícero Pompeu de Toledo, Couto de Magalhães, Emílio Ribas, Fábio da Silva Prado, Francisco de Paula Vicente de Azevedo, Francisco Matarazzo, Franco da Rocha, Geórgia Gomide, Guiomar Novaes, João Mendes de Almeida, Joaquim Roberto de Azevedo Marques, Jorge Street, Jorge Tibiriçá, José de Alcântara Machado, José Egídio de Sousa Aranha, José Maria Whitaker, Juarez Soares, Jules Martin, Júlio de Mesquita, Líbero Badaró, Lucas Nogueira Garcez, Luís Gama, Marcelo Tupinambá (Fernando Lobo), Maria Esther Bueno, Maria Isabel de Lizandra, Mário de Andrade, Mário Zan, Domitila de Castro Canto e Melo (Marquesa de Santos), Monteiro Lobato, Nicette Bruno, Olívia Guedes Penteado, Oscar Americano, Oswald de Andrade, Otávio Gabus Mendes, Paulo Goulart, Paulo Machado de Carvalho, Paulo Vanzolini, Pérola Byington, Plínio Corrêa de Oliveira, Francisco de Paula Ramos de Azevedo, Roberto Simonsen, Rodolfo Crespi, Rubens de Falco, Sabbado D'Angelo, Sérgio Mamberti, Tarsila do Amaral, Victor Dubugras, Venceslau de Queirós, Washington Luís, dentre muitos outros. Temos plena convicção que muitos dos aqui citados são de conhecimento público e notório, principalmente pelos paulistanos, cujos nomes de muitos dos citados fazem parte do conhecimento geral por serem nomes de ruas e avenidas paulistanas e também precursores da história e cultura paulistana.
Abaixo seguem algumas fotos de curiosidades do cemitério:
Cruzeiro das Almas do Cemitério da Consolação
Cruzeiro das Almas do Cemitério da Consolação
Vista ampla de parte do Cruzeiro das Almas do Cemitério da Consolação, onde parentes e amigos acendem velas em memória dos mortos e único local do cemitério onde a administração permite a colocação de pequenas oferendas de cunho religioso por parte de visitantes.
Mapa turístico do Cemitério da Consolação
Mapa turístico do Cemitério da Consolação
Close-up da Mapa turístico do Cemitério da Consolação instalado no interior do pórtico da entrada principal, um guia para os turistas identificarem a localização das principais obras de arte expostas na necrópole e dos jazigos dos sepultados mais ilustres.
Simbiose de jazigo e árvore - Cemitério da Consolação
Simbiose de jazigo e árvore - Cemitério da Consolação
Flagrante de um jazigo abandonado no Cemitério da Consolação onde uma árvore cresceu por dentro do mesmo e formou esta espécie de "simbiose" com a alvenaria da edificação.

A privatização do Cemitério da Consolação

O Cemitério da Consolação, assim como os demais cemitérios públicos da Capital, foi recentemente privatizado pela Prefeitura de São Paulo (2022) e a partir de Janeiro de 2023 passou a ser administrado pela empresa Consolare, empresa que fica como responsável pela manutenção, segurança e revitalização deste Patrimônio Tombado Paulistano. Esperamos que o local tenha melhor "sorte" e receba os investimentos necessários para a sua recuperação e conservação, conforme consta no contrato e edital da privatização. Obs.: os demais cemitérios ficaram a cargo de outras empresas e/ou consórcios ganhadores do processo licitatório da prefeitura.

Localização: Rua da Consolação, 1660 - Consolação

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